Em sessão especial histórica na
Câmara Municipal de Campos, completamente tomada por lideranças sindicais e
estudantes, os familiares do ex-vereador e líder sindical Jacyr Barbeto
receberam nesta terça-feira (30) o diploma que lhe foi cassado pela ditadura
militar em 13 de abril de 1964.
O presidente da Casa de leis, vereador Edson
Batista, lembrou que a Câmara, “ao restituir, simbolicamente, o mandato de
Jacyr não só faz justiça a um dos seus mais valorosos membros, mas também
resgata para esses novos tempos a memória de um homem que arriscou sua própria
vida e a de sua família, ao defender com dignidade os princípios democráticos,
a liberdade de expressão e o povo brasileiro. Foi a reparação histórica de um
equívoco”.
Edson ressalta que, “quando o Congresso Nacional
promove a justiça histórica devolvendo os diplomas dos deputados e senadores
cassados pelas ditaduras, entre os quais os deputados de Campos (Sadi Bogado,
Antônio Carlos Pereira Pinto e Adão Pereira Nunes), esta Câmara, por
unanimidade de seus membros reconhece também o erro cometido no passado e
devolve o diploma de vereador a Jacyr Barbeto, cuja história de luta está
inserida nos anais deste Legislativo como também no livro de seu companheiro de
jornadas em prol das liberdades democráticas, Delson Gomes”.
A sessão histórica, abrilhantada pelo discurso do
professor e cientista político Hélio de Freitas Coelho, ex-presidente da Câmara
no periodo da ditadura (no final dos anos 70), ao lembrar o papel de bravos
campistas na defesa de um Brasil soberano, mais justo e solidário. Hélio também
ressalvou o papel de outro campista, o ex-prefeito Barcelos Martins.
“Numa época de precária comunicação, Barcelos
teve que se deslocar a Niterói para obter orientações junto ao seu partido,
diante das informações que obtivera da iminência da sua prisão e cassação de
seu mandato. Ao tomar conhecimento de que sua casa fora brutalmente invadida
pelos militares, ele sofreu um infarto fulminante. No dia anterior à sua morte,
a polícia estava em Campos para cassá-lo e prendê-lo quando regressasse ao
município. Com Barcelos já morto, os militares passaram a ter Jacyr Barbeto
como alvo, e cassaram seu mandato em 13 de abril de 1964”, observou o
ex-vereador.
A viúva de Jacyr Barbeto, dona Marli, e seu filho
Alexandre receberam a homenagem das mãos de Edson Batista. “Poucos dias nos
tocaram a todos nós em nossas vidas como o de hoje. Sofremos perseguições,
tivemos que morar em lugar escondido... Mas, apesar de todo sofrimento, valeu a
pena a luta dele. Gostaria que meu pai estivesse aqui receber essa homenagem e
saber que por mais que tenhamos sofrido, valeu a pena”, declarou Alexandre
Barbeto após a solenidade.
Após a Sessão Solene aconteceu mais uma para homenagear trabalhadores pelo seu dia nesta quarta-feira. Cada vereador escolheu um funcionário para homenagear.
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