A previsão de explosão populacional na região, com a entrada em operação
dos complexos do Açu e Barra do Furado, exigirá a necessidade de aumento da
capacidade de atendimento para a demanda futura na área da Saúde. Essa foi
a conclusão predominante dos debates sobre a “A Saúde que temos e a Saúde que
queremos”, na sessão especial desta segunda-feira (06), na Câmara Municipal de
Campos. Outra conclusão é a de que com os esforços concentrados este ano na
rede de atenção básica de saúde e a construção do Hospital São José, em
Goitacazes, a tendência é de desafogar o atendimento nos dois hospitais
públicos municipais, casos do Ferreira Machado e o Hospital Geral de Guarus.
A sessão foi aberta pelo presidente da Câmara, Edson Batista (PTB), que
destacou o caráter oportuno para se debater a Saúde, no momento em que a cidade
atravessa um ciclo extraordinário de crescimento. Logo após, o vereador Paulo
Hirano (PR) passou a presidir a sessão. O secretário de Saúde, Geraldo
Venâncio, destacou que, vencida etapa de contratualização com os hospitais
conveniados, o governo municipal irá concentrar suas ações na questão da
atenção básica.
“O ano de 2013 será marcado pelos esforços que faremos pela atenção básica.
A partir deste momento, hospitais extremamente sobrecarregados como o Ferreira
Machado e o Hospital Geral de Guarus irão entrar numa certa zona de conforto a
partir do trabalho que iremos desenvolver de forma concentrada na atenção
básica”, acrescentou.
Geraldo Venâncio concordou que medidas terão que ser adotadas para dar
resposta a previsão de aumento da população. “Campos é um polo macrorregional
não apenas o norte fluminense, mas também de alguns municípios da região
noroeste. Essa demanda regional tende a se avolumar com os familiares dos
trabalhadores do porto do Açu que irão residir em Campos, onde há escolas,
cinema e shopping. Precisamos de resposta a essa previsão de aumento da
população”, admitiu o secretário.
A exemplo dos demais representantes de órgãos públicos e hospitais,
Geraldo reclamou da tabela do SUS (Sistema Único de Saúde). “Não é admissível
que um médico venha receber apenas R$ 40,00 do SUS para um procedimento como
uma cirurgia”, declarou. O secretário anunciou que a prefeita Rosinha Garotinho
já determinou a adoção de medidas para a construção de mais duas unidades
básicas de saúde para atender a região do Parque Leopoldina e Pecuária e Parque
Rodoviário.
O diretor do Hospital Geral de Guarus, José Manoel Moreira, admitiu a
existência de sérios gargalos no HGG, que precisa de uma reforma urgente para
um atendimento mais humanizado. “Precisamos de um novo telhado. Quando chove
acarreta problemas na administração e no próprio trabalho dos médicos e na
enfermaria”, admitiu.
Jorge Miranda, do Hospital da Beneficência Portuguesa, também reclamou
da defasagem da tabela do SUS, de onde a unidade hospitalar arrecada 78% de sua
receita. Outros 22% percentuais de percentuais vem de convênios e particulares.
Miranda disse que essa dependência da verba do SUS já foi de 91% em 2002. Ele
ressaltou os esforços que o hospital tem feito para aumentar nos últimos anos
suas ofertas de serviços exames e cirurgias em diferentes áreas da medicina e a
melhoria da capacidade física de atendimento com a construção de um prédio
anexo de dez andares.
Paulo Hirano ressaltou o fato de a sessão foi bastante produtiva por
serviu para indicar muitos dos caminhos que irão apontar para os avanços na
Saúde a serem implementados nas ações anunciadas pela prefeita Rosinha
Garotinho (PR). “Trata-se de um momento importante para a reflexão e
reorganização da assistência básica, principalmente, mediante o crescimento e
desenvolvimento de nossa cidade”, declarou.
O presidente da Fundação Benedito Pereira Nunes (Hospital Alvaro Alvim),
a superitendente da Secretaria Municipal de Saúde, Cinthia Ferrini, Barreto,
pelo Hospital dos Plantadores de Cana, e Sebastião Campista, presidente da
Fundação Municipal de Saúde também fizeram uso da palavra.
O vereador Nildo Cardoso (PMDB) contou a experiência que passou ao levar
um parente que sofreu um acidente e teve que esperar várias horas para ser
submetido a uma tomografia quando o aparelho havia quebrado no momento em que
era submetido ao procedimento. Rafael Diniz (PPS) também fez várias
observações em relação às dificuldades de atendimento nas unidades básicas de
saúde.
Auxiliadora Freitas (PHS) destacou que a situação da saúde no Brasil
como um todo é gravíssima. “Frequentemente, tomamos conhecimento de hospitais
federais e estaduais, no Rio fechando por falta de médicos, instrumentos,
equipamentos modernos e de remédios. Lamentavelmente, é uma situação nacional”,
discursou. “Se há um grande investimento na saúde em Campos, conforme o próprio
Ministério da Saúde indica, é preciso que os gestores das instituições públicas
e conveniadas descubram o que está dificultando o atendimento na ponta. Eu
apresentei, inclusive, nesta Casa um projeto de lei que torna obrigatória, a
afixação de lista informando os médicos que estão no plantão”, lembrou.
Paulo Hirano ponderou que a grande maioria da população assistida pelo
sistema aprova o funcionamento da Saúde em Campos. “Alguns concluíram disseram
que a Saúde no Brasil está um caos. Mas em Campos, posso garantir que não. O
próprio Ministério da Saúde, através do IndSus, coloca nosso município à frente
de todos do Norte-Noroeste Fluminense, além de cidades como o Rio, Niterói e
São Gonçalo, e a maioria dos municípios brasileiros. O que existe são situações
pontuais de dificuldades que são encontradas em outras cidades, mas que não tem
faltado esforços para equacioná-las”, resumiu o líder do governo. Saúde é
problema de uma complexidade inimaginável. Se resolve um problema, no dia
seguinte há outros”, concluiu.
Fotos: Thiago Freitas E Check
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