Por 56 votos a 19, parlamentar goiano se torna o segundo senador cassado na história
Brasília -
O plenário do Senado cassou o mandato do senador Demóstenes Torres (sem
partido-GO) nesta quarta-feira. A decisão foi tomada em votação
secreta, com um placar de 56 votos a favor da cassação, 19 contrários e
cinco abstenções. O, agora, ex-parlamentar goiano foi julgado pelos
senadores após enfrentar a investigação do Conselho de Ética do Senado e
da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Acusação
Demóstenes se defendeu durante julgamento no plenário | Foto: Divulgação
O relator do processo, senador Humberto Costa (PT-PE), disse na
tribuna, que Demóstenes quebrou o decoro ao mentir sobre suas relações
com o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira. "De fato,
qualquer parlamentar pode mentir quando discursa. No entanto, é um
direito de qualquer outro parlamentar não acreditar na mentira do colega
e pedir a sua punição. Então, não é normal nem aceitável que se minta
ao parlamento e à sociedade brasileira" disse.
Demóstenes se defendeu na tribuna do Senado durante a sessão do
julgamento. Ele disse que, desde o início das acusações, conseguiu
explicar todas as denúncias feitas pela Polícia Federal. "As acusações
não provaram nada contra mim. Consegui derrubar todas elas" disse.
Humberto Costa pediu a cassação do senador em relatório | Foto: Divulgação
O ex-senador mostrou, na tribuna, o rádio que a Polícia Federal
grampeou durante as investigações. Ele também criticou a forma como o
caso foi tratado pela imprensa. "Chamar uma mulher de vagabunda é algo
que a crucifica para o resto da vida. Como ela vai se defender? No
Senado, me defendi de várias acusações. Fui chamado pela imprensa de
bandido, pilantra, psicopata, que coloquei meu mandato à disposição de
uma quadrilha" afirmou o parlamentar. "A imprensa me deve desculpas".
Durante a sessão, o senador Mário Couto (PSDB-PA) disse que o Senado
está desmoralizado pelo processo contra Demóstenes. "Esta Casa
infelizmente está desmoralizada. O ato de hoje vai ser um ato de
moralização. Mas é muito pequeno para se chegar ao nível que tínhamos
antigamente" disse o parlamentar tucano.
A senadora Ana Amélia (PP-RS) reconheceu que julgar um colega "não é algo confortável".
"Mesmo com muita tristeza, devemos trabalhar por um momento de
reflexão, de compromisso e coerência" disse. Ana Amélia elogiou os
trabalhos dos relatores Humberto Costa (PT-PE) e Pedro Taques (PDT-MT).
Entenda o caso
O processo contra Demóstenes teve início após a divulgação de denúncias
sobre as estreitas relações do senador com o empresário Carlos Augusto
de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro sob a
acusação de liderar uma rede criminosa de jogos ilegais e corrupção.
Demóstenes, flagrado em várias gravações feitas pela pela Polícia
Federal em conversas com Cachoeira, é acusado de ter colocado seu
mandato a serviço do empresário.
Até hoje, o único senador que havia sido cassado pelo Senado foi Luiz
Estevão, do Distrito Federal, em 2000. Ele foi acusado de envolvimento
no desvio de verbas públicas na construção do prédio do Tribunal
Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. Em 2007, o senador Renan
Calheiros (PMDB-AL) chegou a ser julgado, mas foi absolvido.
As informações são da Agência Brasil
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