Ele nunca amou, nunca sentiu o calor de um beijo, nunca viu
estrelinhas de dia, nunca sentiu seu corpo trêmulo ao ver uma mulher despida,
não sabe o que é prazer sexual e desconhece por que “o amor é um fogo que arde
sem se ver”. José Carlos Madalena Rosa, conhecido como “Zé Babão”, mora em
Atafona – SJB e é totalmente virgem, pois nunca sentiu o gosto de um beijo. Ele
está à procura de uma namorada para que possam viver juntos até que a morte os
separe.
“Caso
até com ela se for preciso. Não quero é ficar sozinho. A solidão tem me
incomodado muito, principalmente porque a idade está chegando e descobri que
não tenho ninguém na vida: nem pai, nem família e ninguém para me ouvir”.
“Zé
Babão” não tem residência fixa, mora em um cantinho dentro de um frigorífico
emprestado por um amigo. Toma banho na casa de um, na casa de outro, anda
limpinho e de forma humilde. Vive de sua aposentadoria de um salário mínimo,
que lhe garante sobreviver e não deixar faltar nada para sua futura esposa,
principalmente sua alimentação.
“Zé
Babão” acha que não consegue arrumar namorada porque, como ele mesmo diz “eu
sou muito feito e ninguém quer saber de mim”. Ele não se conforma com o grande
par de orelhas que tem sua pele bastante enrugada e bem corcundo. Precisaria de
várias cirurgias para colocá-lo com uma postura correta e esticar a face, mas
ele disse que quem gostar dele tem que ser assim mesmo, do jeito que é, pois é
feliz assim.
Ele
conta que certa vez apareceu uma mulher querendo namorá-lo, mas que tinha
problemas mentais. Ela chegou a sua casa e foi logo tirando a roupa. Assustado,
ele acabou se escondendo embaixo da cama até que ela fosse embora. “Sou macho”,
disse ele, com voz alta para não ficar dúvidas, só que a mulher o assustou. Ele
ainda não sabe fazer as coisas direito, apenas imagina. Nunca deu um beijo na
boca, e disse não saber o que fazer com a língua, mas acredita que conseguirá,
assim que encontrar a pessoa certa.
“Zé
Babão diz que não entende porque não consegue encontrar sua cara metade e viver
feliz o resto de sua vida. “Sou um homem bom, sem maldade no coração e desejo
sempre o melhor para as pessoas. Por que não consigo arrumar ninguém? “Acho que
grande parte da culpa vem dos meus pais que eram muitos feitos e isso acabou
sobrando para mim.”, desabafou emocionado.
Às vezes, Zé Babão perde a
esperança, mas depois acredita que Deus ainda vai fazê-lo muito feliz. Com o
salário que recebe, ele disse que dá para sustentar sua esposa e promete lhe
dar uma vida digna, arrumando até uma casa para os dois. Quem achar que Zé tem
alguma chance, basta procurá-lo em
Atafona, onde todos o conhecem.
“Zé
Babão” é apenas exigente: ele não quer mulher com filhos, com problemas mentais
e que já tenha sido casada. A preferência seria mulheres na faixa de 30 a 60 anos e que fosse
principalmente virgem. Como não falta “Um chinelo velho para um pé torto”, Zé
acredita que vai conseguir encontrar esta pessoa e vai descobrir o sabor de um
beijo, o gosto de sentir prazer sexual e ver “estrelinhas”, mesmo de dia.
CONCURSO - Em mais de dez concursos que José Carlos participou,
realizado na região, principalmente em Atafona, onde reside, ele já ganhou
todos eles como o homem mais feio, e isso não o deixa triste, pelo contrário,
ele conta essas histórias com orgulho e para todos que querem ouvir e diz que é
feliz assim mesmo, do jeito que Deus o colocou no mundo.
Ao ser fotografado,
ele perguntou? Quer com chapéu ou sorrindo, como fico mais bonito? A pergunta
foi difícil para ser respondida, mas as fotos foram tiradas com e sem chapéu.
Logo em seguida, ele colocou fumo de rolo em sua boca e começou a babar
desabafando:
“Espero
que alguém compreenda a minha solidão e a minha tristeza e venha se juntar a
mim. Deixo a minha pensão para quem vier morar e cuidar de mim até o dia que eu
morrer. Eu quero apenas encontrar um verdadeiro amor e acabar com esta solidão
que me faz sofrer tanto”, conclui.
Por
Márcia Lemos
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