segunda-feira, 9 de abril de 2012

MORRE O MÉDICO PEDRO OTÁVIO ENES



Morreu na tarde desta segunda-feira, aos 55 anos, o médico Pedro Otávio Enes Barreto. Vítima de um câncer na bexiga, contra o qual lutava há cerca de um ano, ele faleceu por volta das 16h50, cercado por familiares, colegas, amigos e ex-pacientes, no Hospital Prontocardio, onde estava internado desde a última terça. O velório está sendo realizado no auditório da Faculdade de Medicina de Campos (FMC), desde a noite de hoje, de onde seu corpo seguirá para ser sepultado nesta terça-feira (10), no Cemitério do Caju.
 
Em 25 de janeiro deste ano, Pedro Otávio recebeu o prêmio de “médico do ano”, concedido pela Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), num auditório repleto de colegas que o ovacionaram de pé. Era o reconhecimento a quem após se formar na FMC, na turma de 1983, se tornou um dos clínicos gerais e geriatras mais conceituados da região, diretor clínico do Hospital Manoel Cartucho e médico cuja prática não conhecia limites entre a saúde pública municipal de Campos, onde frisava ter se dado sua verdadeira formação profissional, e do seu concorrido consultório particular, no qual atendia com igual atenção quem pudesse ou não pagar por sua atenção, chegando várias vezes a ministrar, por meio de amostras grátis, os remédios para cura que prescrevia.
 
Ainda na medicina pública, Pedro Otávio foi também, entre 2005 e 2006, o primeiro secretário de Saúde da prefeita Carla Machado, em São João da Barra, que nesta segunda-feira teve luto oficial decretado pela morte. Ele foi ainda professor da FMC, destacando-se não só pela insistência na humanização da formação dos novos médicos, como colocando-a também em prática nos tradicionais churrascos que organizava na própria casa com todas as suas turmas.
 
Embora trabalhador compulsivo, era conhecido por manter o mesmo hábito, sempre que possível, com toda uma legião de amigos, colecionados às centenas, sem nenhuma distinção de raça, credo, idade ou classe social. Todavia, mais do que a devoção e os princípios humanitários com os quais praticou a medicina, talvez tenha sido pela maneira como chegou à ela o maior motivo da admiração irrestrita por Pedro Otávio.
 
Com apenas 16 anos, vítima de um acidente automobilístico que o deixou tetraplégico, ele se dedicou durante um ano ao mais árduo trabalho de fisioterapia para andar novamente. E mesmo voltando a fazê-lo com limitações motoras e o auxílio da inseparável muleta, nunca buscou essa em ninguém para guiar sozinho o próprio carro, entre tantas frentes de trabalho, saindo de casa quase sempre de manhã e só regressando tarde da noite, fazendo por sacerdócio a missão de curar nos outros toda dor que um dia sentiu. Se o tamanho dos homens é medido pela grandeza dos seus desafios, raro se conheceu, na sua terra e no seu tempo, um homem maior que Pedrinho.

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