Morreu na tarde
desta segunda-feira, aos 55 anos, o médico Pedro Otávio Enes Barreto. Vítima de
um câncer na bexiga, contra o qual lutava há cerca de um ano, ele faleceu por
volta das 16h50, cercado por familiares, colegas, amigos e ex-pacientes, no
Hospital Prontocardio, onde estava internado desde a última terça. O velório
está sendo realizado no auditório da Faculdade de Medicina de Campos (FMC),
desde a noite de hoje, de onde seu corpo seguirá para ser sepultado nesta
terça-feira (10), no Cemitério do Caju.
Em 25 de janeiro
deste ano, Pedro Otávio recebeu o prêmio de “médico do ano”, concedido pela
Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), num auditório repleto de
colegas que o ovacionaram de pé. Era o reconhecimento a quem após se formar na
FMC, na turma de 1983, se tornou um dos clínicos gerais e geriatras mais
conceituados da região, diretor clínico do Hospital Manoel Cartucho e médico
cuja prática não conhecia limites entre a saúde pública municipal de Campos,
onde frisava ter se dado sua verdadeira formação profissional, e do seu
concorrido consultório particular, no qual atendia com igual atenção quem
pudesse ou não pagar por sua atenção, chegando várias vezes a ministrar, por
meio de amostras grátis, os remédios para cura que
prescrevia.
Ainda na medicina
pública, Pedro Otávio foi também, entre 2005 e 2006, o primeiro secretário de
Saúde da prefeita Carla Machado, em São João da Barra, que nesta segunda-feira
teve luto oficial decretado pela morte. Ele foi ainda professor da FMC,
destacando-se não só pela insistência na humanização da formação dos novos
médicos, como colocando-a também em prática nos tradicionais churrascos que
organizava na própria casa com todas as suas turmas.
Embora
trabalhador compulsivo, era conhecido por manter o mesmo hábito, sempre que
possível, com toda uma legião de amigos, colecionados às centenas, sem nenhuma
distinção de raça, credo, idade ou classe social. Todavia, mais do que a devoção
e os princípios humanitários com os quais praticou a medicina, talvez tenha sido
pela maneira como chegou à ela o maior motivo da admiração irrestrita por Pedro
Otávio.
Com apenas 16
anos, vítima de um acidente automobilístico que o deixou tetraplégico, ele se
dedicou durante um ano ao mais árduo trabalho de fisioterapia para andar
novamente. E mesmo voltando a fazê-lo com limitações motoras e o auxílio da
inseparável muleta, nunca buscou essa em ninguém para guiar sozinho o próprio
carro, entre tantas frentes de trabalho, saindo de casa quase sempre de manhã e
só regressando tarde da noite, fazendo por sacerdócio a missão de curar nos
outros toda dor que um dia sentiu. Se o tamanho dos homens é medido pela
grandeza dos seus desafios, raro se conheceu, na sua terra e no seu tempo, um
homem maior que Pedrinho.
Fonte: Folha da Manhã
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