Polícia não encontra indícios de acidente doméstico alegado por homem de 19 anos e investiga suspeita de crime sexual, com base em boletim médico da UPA do bairro
Rio -
O padrasto de uma menina Rafaelle Vitória da Silva Gonçalves, de dois
anos, foi preso em flagrante, na noite desta segunda-feira, acusado de
matar a criança, em Marechal Hermes, Zona Norte do Rio. Ele nega o crime
e alega que ela foi vítima de um acidente doméstico. A perícia, no
entanto, não viu indícos nas justificativas apresentadas pelo suspeito.
Segundo diagnóstico de médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do
bairro, onde ela foi atendida, houve violência sexual.
Padrasto é acusado de estuprar e matar enteada | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
De acordo com o delegado adjunto da 28ª DP (Campinho), Alessandro
Petralanda, a mãe das gêmeas, de 19 anos - que não teve o nome divulgado
- saiu de casa por volta das 18h para realizar serviços de banco e
deixou as filhas
com o companheiro, o agente de tráfego Pedro Paulo Antonio Santos Mota,
também de 19 anos, com quem mantém um relacionamento há um ano. Ao
retornar, vizinhos deseperados informaram que uma das meninas tinha sido
levada desmaiada por ele e um vizinho para a UPA de Marechal Hermes.
Ainda segundo o delegado, o boletim médico afirma que a menina já
chegou morta à unidade. O documento constata ainda que há indícios de
violência sexual. A criança também apresentava um ferimento no rosto.
Policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) foram acionados e prenderam o
padastro ainda na UPA.
Versões diferentes em depoimento
Versões diferentes em depoimento
Aos policiais, Pedro Paulo alegou que a menina tinha sido vítima da
queda de uma geladeira sobre ela. No entanto, segundo o delegado
Alessandro Petralanda, ele mudou várias vezes a versão. Em uma delas
disse que a criança caiu do sofá e, em outra, que um ventilador de teto
caiu sobre ela. Peritos do Instituto de Criminalísitica Carlos Éboli
(ICCE) estiveram na residência do casal, na Rua Aurélio Valporto. Ainda
de acordo com o delegado, eles não encontraram evidências no que foi
narrado pelo padastro para justicar a morte da enteada.
Pedro Paulo foi indiciado em flagrante por homicídio doloso. A pena
pode chegar a 20 anos de prisão. A polícia agora irá concentrar as
investigações na versão de estupro seguido de morte. Caso seja
comprovado que houve violência sexual a pena pode subir para 30 anos de
cadeia. O laudo cadavérico deve ficar pronto em 30 dias. A irmã gêmea da
vítima foi encaminhada para exame de corpo de delito. A polícia quer
saber se ela foi víitma de alguma violência.
A mãe das crianças disse em depoimento que nunca teve qualquer
desconfiança do marido em relação às filhas. Ela saiu em defesa dele. "A
mãe está em estado de choque. Pela minha experiência como policial,
geralmente, nesses casos, elas custam a acreditar nas evidências",
explicou o delelgado Alessandro Petralanda. Mãe e padastro não tinham
passagem pela polícia.
Vizinho diz que vítima tinha a respiração debilitada
Após o incidente com a enteada, Pedro Paulo Antonio Santos Mota pediu ajuda ao vizinho, o subtenente do Corpo de Bombeiros, Sérgio Ricardo Ribeiro da Costa. De carro, o militar levou a criança para a UPA e orientou o padastro da criança no percurso.
Após o incidente com a enteada, Pedro Paulo Antonio Santos Mota pediu ajuda ao vizinho, o subtenente do Corpo de Bombeiros, Sérgio Ricardo Ribeiro da Costa. De carro, o militar levou a criança para a UPA e orientou o padastro da criança no percurso.
"Ela já estava com a respiração debilitada. Disse para ele: 'não para
de massagear o coraçãozinho dela'", relembrou na saída da delegacia,
após prestar depoimento. Segundo o bombeiro, ele viu apenas um
sangramento no nariz da criança.
Ainda segundo o oficial, Pedro Paulo pediu auxílio dizendo que a
geladeira havia caído sobre uma das enteadas. Sérgio Ricardo disse que
nunca suspeitou de qualquer anormalidade na relação do padastro com as
enteadas. Morador de um imóvel de dois andares, vizinho ao do casal, ele
contou que sempre via Pedro brincado com as gêmeas no quintal.
Fonte: O Dia
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