Hormônio pode ajudar a tratar doenças neurodegenerativas
DA AGÊNCIA BRASIL
O hormônio
ouabaína, tradicionalmente utilizado no tratamento de doenças
cardiovasculares, possui efeito de proteção aos neurônios, aponta estudo
recente da USP. A descoberta representa uma possibilidade de avanço no
tratamento de doenças neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e
Alzheimer, tendo em vista que atualmente não existe medicamento capaz
de impedir a morte dos neurônios.
A ouabaína é
extraída da espécie de planta Strophantus gratus, a exemplo da dedaleira
(flor medicinal e ornamental), e também é encontrada no organismo
humano. O professor Cristoforo Scavone, responsável pela pesquisa do
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, explica que é a proteção
dos neurônios pode ser conseguida de maneira natural, porque o hormônio é
liberado no corpo durante a prática de exercícios físicos.
"Se ela [a
ouabaína] é liberada naturalmente no exercício e se é protetora, mais um
motivo para as pessoas terem práticas saudáveis. É muito mais promissor
que certas drogas", avaliou. "Isso pode fazer com que as doenças,
típicas do envelhecimento, apareçam em fases mais tardias", ressaltou.
A combinação de
medicamentos e a prática de atividade física já está sendo utilizada no
tratamento dessas doenças, segundo o professor.
O pesquisador
alertou, no entanto, que os medicamentos atuais agem apenas como
paliativos. "São testados muitos compostos, mas o grande problema é que
nenhum deles consegue estancar o processo de morte dos neurônios",
declarou. Para Scavone, a pesquisa desenvolvida pelo ICB pode abrir uma
nova área de estudo, com a perspectiva de produção de novos remédios.
Ele avalia, no
entanto, que a prevenção, com a prática de atividades físicas, ainda é a
melhor opção. "Hormônios são complicados de se usar como fármacos. Eles
podem estimular o crescimento celular. Tivemos exemplos, como a
reposição hormonal em mulheres, que demonstram o aumento dos casos de
câncer. O tratamento hormonal pode induzir efeitos colaterais em longo
prazo, que eu não sei se serão tão positivos quanto as estratégias
naturais", ponderou.
Embora esteja
comprovada a capacidade de proteger os neurônios com o uso da ouabaína,
ainda serão feitos estudos para saber a ação do hormônio contra os males
de Parkinson e Alzheimer.
"Estamos
começando a trabalhar nos modelos das doenças neurodegenerativas para
ver como se processa essa proteção. Por enquanto, analisamos a resposta
em relação à inflamação e vimos que há uma proteção ao estímulo
inflamatório", explicou.
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