Mesmo
com menores juros no mercado, especialista alerta para o risco de
endividamento, principalmente por ser atrativa e tão baixa
Rio – Aposentados e pensionistas do
INSS que pegarem novo empréstimo consignado depois da redução do teto dos juros
(de 2,14% ao mês para 2,08%), anunciada na quinta-feira, vão praticamente
deixar de pagar uma prestação no fim do contrato. Simulação feita pelo
economista do Ibmec e professor da Fundação D. Cabral, Gilberto Braga, a pedido
do DIA, mostra, por exemplo, que o segurado que pegou R$5 mil em 72
parcelas, com juros atuais paga mensalmente R$136,78. Com a diminuição,
desembolsará, por mês, R$134,56. Na comparação, no término do contrato, deixará
de arcar com R$159,59, pouco mais que uma prestação.
Já quem optou por
R$ 3 mil, com a taxa de 2,14% em 72 meses, prazo máximo do instituto para
quitação, desembolsa hoje R$ 82,07 ao mês e pagará no final R$ 5.908,88. Com
taxa de 2,08%, o novo empréstimo fica em R$ 5.813,13 e a parcela cai a R$
82,07. Deixa de pagar R$80,74, no fim do prazo.
No ano, a queda dos
juros foi de 28,9% para 28%. Mesmo sendo um dos menores juros do mercado, o
especialista alerta para o risco de endividamento, principalmente por ser
atrativa e tão baixa.
“Fazer dívida,
mesmo com taxa de juros mais baixa deve ser feita somente no caso da troca da
dívida, ou seja, quando o consumidor pega um empréstimo consignado para se
livrar de uma conta do cheque especial que está com juros de 317% ao ano, por
exemplo”, adverte Braga.
Para o novo teto de
juros do INSS entrar em vigor é preciso a publicação de resolução do Conselho
Nacional de Previdência Social (CNPS). A medida deve ocorrer até segunda-feira.
Ontem, o Ministério
do Planejamento publicou a Portaria 309 que reduz os juros do consignado para
servidores federais. A medida baixou de 2,20% para 2,05% ao mês e passa a valer
em 15 dias.
Segundo o
economista, se um servidor pegar R$ 3 mil com juros de 2,20% para pagar em 72
meses, a mensalidade fica em R$83,41 e no final chegará a R$ 6.005,36. “Já em
um contrato novo, a prestação fica em R$80,08, juros de 2,05%. E ao final terá
pago R$5.765,53. Ou seja, diferença de R$ 239,83.
Taxa do cartão também caiu
Com a queda na taxa
básica (Selic) nos últimos meses, o Conselho de Previdência também aprovou a
redução do teto dos juros cobrados em outras operações de crédito para
aposentados e pensionistas do INSS. O cartão, por exemplo, teve a taxa diminuída
de 3,06% para 3% ao mês.
“Estamos em um
ambiente em que a economia está evoluindo e isso permite a redução de juros”,
comentou o secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano.
Os novos tetos
permitirão acesso ao crédito em condições mais vantajosas, como a migração de
dívidas mais caras, como as de cartão de crédito para uma mais barata. Além
disso, o colegiado aprovou a redução do limite de contratação na modalidade,
que passou de duas vezes para 1,4 vez o valor do benefício mensal. Isso
permitirá que a liquidação do empréstimo se dê em 72 meses.
Campos 24 Horas
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