Foi uma noite
emocionante para quem aprecia arte e cultura, na noite de quarta-feira (06), na
Câmara Municipal, quando
artistas e personalidades campistas com serviços prestados a área musical e
acadêmica foram homenageadas com a entrega da Ordem do Mérito Wilson Batista e
a Ordem do Mérito José Cândido de Carvalho.
A sessão plenária
começou com a concessão das honrarias a Zezé Motta e Aluizio Machado, presentes
à sessão solene. Roberto Ribeiro, Jurandir da Mangueira, Sebastião Motta e José
Ramos foram também homenageados (in memoriam), representados por familiares. Ao
receber a homenagem ao pai, o cantor Alex Ribeiro falou do interprete de
Estrela de Madureira e Todo Menino é Um Rei.
“A homenagem a
meu pai é por demais merecida. Ele morava no Rio, mas amava a cidade em que
nasceu. Falava sempre em Campos e Sempre que podia vinha para cá rever seus
amigos”, disse, lembrando que Roberto foi um dos fundadores da escola de samba
Amigos da Farra. Outro homenageado foi o sambista Geraldo Gamboa.
Sebastião Motta
teve a representá-lo seus filhos e netos. Só para que vocês tenham idéia de
quem era Sebasitão Motta, a colunista social Angela Bastos dizia que ele era
uma grande figura e que quando morresse tinha que ser homenageado com nome de
rua, etc. Ele falou o seguinte:
- Ângela, eu
prefiro ser nome de uma noite ou de um bar – foi a resposta do sambista boêmio,
autor de “Fechei a Porta” e inúmeras marchinhas de carnaval que arrebataram
multidões nos anos 50/60.
Zezé Motta
preferiu logo reforçar sua identidade. “Quando alguém me pergunta se sou
carioca, talvez por ter chegado ao Rio ainda pequena, digo logo que sou de
Campos, a Campos dos Goytacazes e dos canaviais”, disse a atriz e cantora, ao
reiterar vínculos com com a terra natal, ao ser homenageada pela Câmara de
Vereadores, com a Ordem do Mérito Wilson Batista, no ano do centenário do
compositor, comenda criada este ano pelo Legislativo. Sobre o paradoxo de se
declarar campista tendo nascido em Barcelos (que pertence a São João da Barra),
a atriz admite, sim, ter dado à luz na divisa entre os territórios campistas e
sanjoanenses. “Mas nasci do lado de cá da linha do trem, então sou campista.
Fui registrada em Campos, São João da Barra que me perdoe”.
A Câmara também
homenageou outros agraciados com a Ordem do Mérito José Cândido de Carvalho,
entregue aos professores e acadêmicos Arlete Sendra, Alano Barcelos (in
memorian) e Joel Mello, além do Grupo Boa Noite Amor.
Cantora e atriz
das mais premiadas do cinema brasileiro, Zezé dedicou a honraria ao pai. “Foi
ele que me incentivou a cantar”, justifica. “Minha mãezinha viria aqui hoje,
mas amanheceu com uma virose e ficou ausente”, conta.
Zezé Mota começou
sua carreira como atriz em 1967, estrelando a peça “Roda-viva”, de Chico
Buarque, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Atuou, a seguir, em
“Fígaro, Fígaro”, “Arena conta Zumbi”, “A vida escrachada de Joana Martine e
Baby Stompanato”, em 1969, “Orfeu negro”, em 1972, e “Godspell”, em 1974, entre
outras. Participou dos filmes “A rainha diaba”, “Vai trabalhar vagabundo”, “A
força de Xangô” e “Xica da Silva”, filme que a consagrou internacionalmente e
pelo qual recebeu vários prêmios. Como cantora, emplacou sucessos como o clássico
Senhora Liberdade (Wilson Moreira/Nei Lopes) e Dores de Amores (Luiz Melodia).
Ao entregar a
comenda a Zezé, o presidente da Câmara, Edson Batista (PTB), enfatizou. “A
Câmara tem três pilares principais nesta nossa gestão: participação popular,
transparência e o resgate de nossa identidade cultura, valorizando os que
elevam o nome de Campos pelo país e o mundo afora”, explicou.
Edson Batista
confirmou que em 2014, ano do centenário de José Cândido de Carvalho, o imortal
escritor campista será também devidamente homenageado com a mesma pompa e
circunstância. “No ano do centenário de José Cândido, a Câmara irá prestar
também um tributo à altura desse campista ilustre. Inclusive o prêmio literário
Múcio da Paixão será em sua homenagem”, acentuou.
Além de Zezé,
outro artista homenageado nascido na planície goitacá, de projeção nacional, o
compositor Aluizio Machado traduziu metaforicamente o que para ele representou
a homenagem. “Fico feliz com esse reconhecimento, sobretudo por ser em vida. Depois que a
gente morre, viramos abstração”, filosofou.
Aluizio é um dos
mais renomados autores de sambas-enredo do país. Em 1982, emplacou ao lado de
Beto Sem Braço, um dos grandes clássicos do carnaval brasileiro, o enredo Bum,
bum paticumbum prugurundum, algo diferente, um extraordinário achado no desfile
daquele ano. Compôs inúmeros outros sambas que se tornaram sucesso nas vozes de
Alcione, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz.
Letrista
extremamente talentoso, Délcio Carvalho, autor de clássicos como “Sonho Meu” e
“Acreditar”, entre outros, capaz de achados poéticos que levam muitos críticos
da MPB a considerá-lo espécie de um novo Cartola, foi outro homenageado da
noite. O poeta não pode comparecer em razão de uma cirurgia no estômago. Foi
representado pelo jornalista Chico de Aguiar.
Ao final da sessão solene, a cantoria num
sarau inesquecível, no foyer da Câmara, onde Zezé Motta, Geraldo Gamboa, Helena
Rangel, Jardel do Cavaco, Renato Arpoador brindaram os presentes com clássicos
de Wilson Batista e sambas de outros homenageados. Zezé, inclusive, cantou um
de seus grandes sucessos, o clássico “Senhora Liberdade”, ao lado de Gamboa.
ASCOM/CMCG
FOTOS: MÁRCIA LEMOS
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