O presidente Jair
Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (16) que é um “direito” apertar as mãos
de apoiadores e que, caso tenha sido infectado com o novo
coronavírus por esse motivo, a “responsabilidade” é dele.
“Ninguém tem nada a ver com isso”, declarou.
Bolsonaro deu as
declarações em entrevista à Rádio Bandeirantes, um dia depois de descumprir a recomendação de monitoramento dada por
médicos em razão da confirmação da contaminação por coronavírus de integrantes
da comitiva que viajou com ele aos Estados Unidos na semana passada.
Bolsonaro fez um primeiro teste, com resultado negativo para a
presença do vírus, e fará um segundo exame nesta terça-feira (17). Ele foi
aconselhado a permanecer no Palácio do Alvorada, residência oficial da
Presidência, mas descumpriu a recomendação.
No domingo, dia em
que o Brasil contabilizou 200 casos do novo coronavírus, Bolsonaro deixou o
Palácio da Alvorada e participou de uma manifestação a favor do governo, com
críticas ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente desceu
a rampa do Palácio do Planalto e foi até a grade, onde apertou a mão de
apoiadores e tirou "selfies".
Questionado na
entrevista sobre o exemplo a ser dado pelo presidente da República, já que o
próprio Ministério da Saúde recomenda evitar aglomerações, Bolsonaro disse que não convocou os atos realizados
pelo país e que fez sua parte ao conversar com apoiadores.
“Não convoquei o
movimento, tá certo? E tenho a obrigação moral de saudar o povo que foi na
frente aqui do Palácio do Planalto, tenho a obrigação. Fui lá e fiz a minha
parte, declarou.
"Se eu me contaminei, tá certo? Olha, isso é responsabilidade
minha, ninguém tem nada a ver com isso”, disse Bolsonaro.
Segundo o
presidente, ele tem o “direito” de cumprimentar as pessoas e não pode “viver
preso” no Alvorada.
“Eu não vou viver
preso dentro lá do Palácio da Alvorada esperando mais cinco dias, com problemas
grandes para serem resolvidos no Brasil. Essa é minha posição. Agora, se eu
resolvi apertar a mão do povo – desculpe aqui, eu não convoquei o povo para ir
às ruas –, isso é um direito meu. Afinal de contas, eu vim do povo. Eu venho do
povo brasileiro”, afirmou.
Bolsonaro afirmou
não estar arrependido do seu gesto.
“Querer colocar a
culpa de uma possível expansão do vírus na minha pessoa porque eu vim saudar
alguns na frente aqui da Presidência da República, num movimento que eu não
convoquei o movimento, é querer se ver livre da responsabilidade que é de todos
nós”, acrescentou.
Durante a
entrevista, ele repetiu o que considera exageros no tratamento ao combate ao
novo coronavírus, mesmo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarando que
há uma pandemia no mundo.
"Não vamos superdimensionar
essa questão. Não pode algumas autoridades começar a proibir isso ou
aquilo", declarou.
Em outro momento da
entrevista, voltou a falar em "superdimensionamento".
“Existe o perigo,
mas está havendo um superdimensionamento nesta questão. Nós não podemos parar a
economia. E eu tenho que dar o exemplo em todos os momentos. E fui, realmente,
apertei a mão de muita gente em frente ao Palácio, aqui na Presidência da
República, para demonstrar que estou com o povo. O povo foi nas ruas, você tem
que respeitar a vontade popular. Mesmo que o povo erre, você tem que respeitar
a vontade popular. Isso é democracia”, declarou.
O presidente disse
estar preocupado com o impacto na economia, com possível redução do crescimento
do país, em razão de atividades suspensas. Ele considera que há uma “histeria”
e criticou a suspensão de campeonatos de futebol
G1
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