José Paes Neto
A Câmara de Vereadores de Campos realizou, na tarde
desta segunda-feira (20), uma audiência pública sobre o Fundo de
Desenvolvimento de Campos (Fundecam). A mesa foi composta pelo presidente do
Legislativo, Marcão Gomes
(PR), o vereador Jorginho Virgílio
(PRP) - que solicitou a audiência, o procurador geral do município, José Paes
Neto, o superintendente do Fundecam, Rodrigo Lira e o presidente da Companhia
de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca), Carlos Vinicius Viana
Vieira.
Iniciando
a audiência, o presidente Marcão Gomes ressaltou a importância do tema
abordado. “Gostaria, primeiro, de parabenizar ao vereador Jorginho Virgílio por
trazer essa importante discussão para essa Casa de Leis. Também quero ressaltar
a importância do Fundecam para o município de Campos e a importância da
transparência na aplicação desse recurso e no controle social do mesmo”,
afirmou.
O
vereador Jorginho Virgílio explicou que existe um possível déficit no Fundecam
na ordem de R$402 milhões. “Recebemos em nosso gabinete algumas denúncias a
respeito disso. Imediatamente oficiamos o presidente do Fundecam que me ligou,
veio ao meu gabinete, trouxe todos os números, os nomes das empresas e como
estava o andamento desses processos. Depois de conversamos também com o Ministério
Público, tivemos a ideia de realizar primeiro uma audiência pública para
colhermos mais dados para um possível instauração, nesta Casa, de um CPI para
auxiliar o Ministério Público e o Poder Judiciário a recuperar esses R$ 402
milhões dados de calote ao povo de Campos”, destacou.
O
presidente do Fundecam, Rodrigo Lira, traçou o histórico do Fundo, que foi
criado em 2001 com o objetivo, segundo relatou, de usar o dinheiro dos
royalties em ações para o desenvolvimento de Campos, especialmente com o financiamento
de empresas. “O volume de royalties que Campos recebeu de 1999 a 2016 foi de
R$13.289.771.016,80”, apontou.
Dos 91 contratos do Fundecam Estruturante, 49,4% estão em inadimplência, sendo que atualmente existem 38 na dívida ativa e sete em renegociação. Entre as empresas que pagaram, 54% estão paralisadas. Já entre as que pagaram e estão ativas, 80,9% foram empréstimos de valores inferiores a R$1.000.000 e 85,7% foram para empresas já existentes no município, de acordo com dados apresentados pelo superintendente.
O maior
devedor do Fundecam, segundo dados de Rodrigo Lira, deve o montante de R$
85.212.622,33, somados juros, correção e multas. Os outros dois maiores
devedores tem débito de R$ 73.615.103,47 e R$59.488.096,90, respectivamente.
O superintendente
apresentou dados do programa de Equalização de Taxa de Juros (Leis 8.173/10 e
8.553/14), que teve 78 contratos para equalização. O total de juros devolvidos
foi R$ 69.348,96 e o programa foi aderido por cerâmicas, supermercados,
construtoras, fazendeiros e poucos pequenos negócios. Também foram apresentados
números da força-tarefa Fundecam Recupera que, desde 2017, já recuperou cerca
de R$ 2 milhões. A meta é recuperar R$ 4 milhões em 2018 e até 10% do montante
em 2019. Além dos 38 contratos em processo judicial e sete em renegociação,
existem 8 penhoras de imóveis em processo de avaliação para leilão.
Rodrigo
Lira ainda mostrou os atuais desafios para o desenvolvimento de Campos para
além dos royalties, como a criação de um ambiente favorável de negócios,
desburocratizando e criando a Casa do Empreendedor, inaugurada ano passado.
“Também temos que focar em inovação, ciência e tecnologia, pois temos vantagem
competitiva por sermos pólo universitário”, concluiu.
“O
Fundecam foi reinventado e atende demandas da sociedade com os programas como o
Viva a Ciência e o programa de microcrédito, chamado Fundecam Crédito Certo,
que hoje tem quatro linhas de financiamento, todas discutidas e elaboradas de
maneira democrática com o atores do processo”, afirmou o superintendente
Rodrigo Lira.
O
procurador geral do município, José Paes Neto, esclareceu que desde o ano
passado foram feitas mudanças para acompanhar os processos envolvendo as
dívidas do Fundecam. “Quando a gente assumiu, em 2017, não existia uma equipe
focada especificamente nos débitos do Fundecam, que em sua maioria são
milionários. Criamos uma equipe especializada para tratar desse assunto e,
dentro do setor de dívida ativa, fizemos todo um trabalho de otimização.
Organizamos também a questão do sistema informatizado para controle de
processos e prazos que não existia antes”, afirmou.
Em
seguida, vereadores e inscritos fizeram considerações e perguntas, que foram
respondidas pelo procurador José Paes Neto e pelo superintendente Rodrigo Lira.
Participaram da audiência os vereadores Silvinho
Martins (PRP), Eduardo Crespo
(PR), Dr. Ivan Machado (PTB),
Paulo Arantes (PSDB), Joilza Rangel (PSD), Cláudio Andrade (PSDC), Fred Machado (PPS), Josiane Morumbi (PRP).
*Por Lohaynne Gregório - Ascom
Câmara Campos
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