terça-feira, 10 de julho de 2018

Campos: R$ 22 milhões a menos




O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ/RJ) determinou o bloqueio de R$ 22 milhões na conta da Prefeitura de Campos, referente ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O valor corresponde a parte da dívida dos precatórios judiciais devidos pelo Município, em 2016 e anos anteriores, que totaliza R$ 68 milhões. Na edição de 24 de junho, a Folha da Manhã mostrou que havia esta possibilidade.
A decisão é mais um baque na crise financeira enfrentada pela administração municipal. Além do bloqueio de R$ 22 milhões, mensalmente a Prefeitura tem que desembolsar R$ 1,5 milhão em pagamento desta mesma dívida até o ano de 2020. Por ano, são mais R$ 18 milhões a serem pagos em parcelamento de precatórios.
De acordo com o procurador geral do Município, José Paes Neto, com a decisão, todo o planejamento de gestão terá que ser revisto.
— Desde o início do ano passado, diante do cenário que encontramos, estamos trabalhando com planejamento a curto prazo. E, agora, com mais esta decisão, teremos que novamente fazer revisão. Com certeza isso vai impactar nos atendimentos básicos e na retomada de obras. Mais uma vez, o passado assombra o presente e o futuro do Município — destaca.
Ainda de acordo com o procurador, a situação pode se agravar ainda mais, caso o repasse do FPM não totalize os R$ 22 milhões e haja decisão para bloqueio de outras receitas. “Aí poderá haver bloqueio de repasse de royalties do petróleo, participação especial e até ICMS”, frisa.
Precatórios são requisições expedidas pelo Poder Judiciário para cobrar o pagamento de valores devidos após condenações judiciais definitivas. Os R$ 68 milhões devidos por Campos se referem, principalmente, a questões trabalhistas — processos movidos por servidores públicos — e contestações sobre valores de desapropriações de imóveis ocorridas em administrações passadas.
— Esta dívida se acumulou porque os valores devidos não foram pagos regularmente pelas gestões anteriores. Somente em 2016, o valor foi de R$ 11 milhões e pagos apenas R$ 2 milhões. Quando o prefeito Rafael Diniz assumiu a Prefeitura, em janeiro de 2017, o valor dos precatórios já ultrapassava R$ 60 milhões. A Prefeitura vinha negociando com o Tribunal uma maneira de parcelar esta dívida em mais vezes, levando em conta a dificuldade financeira do município, mas esta negociação não teve êxito. E agora a situação se agravou — observa.
Além disso, a Prefeitura já pagou cerca de R$ 90 milhões relativos a empréstimo junto à Caixa Econômica em 2016, que comprometeu R$ 1,3 bilhão da arrecadação municipal – a chamada “Venda do Futuro”. A atual gestão também paga todo mês R$ 4 milhões ao Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Campos (PreviCampos), fruto da negociação por dívida de R$ 180 milhões deixada pelo governo passado. (S.M.) (A.N.)

Folha da Manhã

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