Lei
que prevê multa mais salgada (R$ 293,47) para quem infringir a regra entra em
vigor em 12 dias. No ano passado, o Detran multou 93.221 pessoas no Rio
Foto: Divulgação
Alô
motoristas que gostam de ficar de blá blá blá no celular ao volante! Entrará em
vigor, a partir do dia 5 de novembro, a nova lei do Código de Trânsito
Brasileiro (CTB), que vai transformar a infração por manuseio de celular na
direção de veículos, hoje considerada média, em gravíssima. Quem for flagrado
fazendo uso do equipamento e dirigindo ao mesmo tempo vai perder sete pontos na
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e terá que pagar multa de R$ 293,47 —
hoje a multa é de R$ 85,13 e o infrator perde quatro pontos.
De acordo com o presidente do Detran-RJ, José Carlos dos Santos Araújo, o
órgão tem investido com mais frequência em campanhas para alertar os motoristas
sobre o assunto. A preocupação procede. Estatísticas do Detran-RJ mostram que
só no ano passado, 93.221 foram multados por falar ao celular enquanto
dirigiam. Este ano, já foram aplicadas mais 71.622. Só na Capital, 40.517
multas por esse tipo de infração foram emitidas em 2015. Este ano, essa
quantidade já foi superada: 41.293.
“O manejo de celular na direção de carros de passeio, ônibus e caminhões,
vem se tornando uma epidemia mundial no trânsito”, lamenta Araújo, lembrando
que estudos do Detran-RJ comprovam que o manuseio de telefones móveis por
condutores está entre as dez infrações mais comuns registradas pelas
autoridades em trânsito no estado, desde o início desta década.
Morador da Praça da Bandeira, o funcionário público José Roberto da
Silva, de 47 anos, admite que já recebeu três multas por falar no telefone
portátil enquanto seguia para o trabalho. “Na tentativa de ir resolvendo
problemas, a gente esquece que está cometendo uma infração e que pode até
causar um acidente grave. Mas agora vai doer no bolso, né? Vou ficar mais
atento”, garante.
Especialista em segurança no trânsito e responsável pela área de educação
do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Roberta Mantovani
justifica a medida.“Sabe-se que acidentes decorrem de decisões tomadas em
segundos. Para digitar ou ler uma mensagem de texto pelo Whatsapp, por exemplo,
o motorista desvia a atenção da condução, no mínimo, por cinco segundos. Se ele
estiver a 80 km/h, terá percorrido aproximadamente 100 metros sem ver o que
está acontecendo ao seu redor.”
Risco de
acidente é 400% maior
Especialistas ressaltam que ainda não há estudos para comprovar o que
todo mundo já sabe na prática: o uso do celular dirigindo provoca acidentes,
assim como o consumo de álcool pelo condutor. De acordo com pesquisas
realizadas pela Universidade de Utah, nos EUA, manusear o celular enquanto
dirige aumenta em até 400% a possibilidade de o condutor se envolver em algum
acidente. “Se há duas décadas essa prática já era perigosa, imagina hoje, com
tantos recursos e aplicativos nos aparelhos?”diz Roberta Montovani.
Distração
leva a acidentes
Outra pesquisa, feita pelo Departamento de Tráfego da Espanha, mostra que
51,74% dos acidentes com lesões são causados por falta de atenção provocada por
dirigir e usar o celular. Mais de 80% dos entrevistados disseram ver outros
motoristas enviando mensagens constante ou ocasionalmente.
Distrações ao volante abrangem quatro dimensões: visuais (quando o
condutor desvia o olhar da via para ler mensagem ou atender ligação); cognitiva
(ao pensar sobre algum assunto ao qual está falando ao telefone, prejudicando a
reação frente alguma necessidade no trânsito); física (quando o motorista tira
uma das mãos do volante para executar tarefas como digitar números ou
mensagens); e auditiva (a atenção do motorista volta-se para os sons do
telefone, provocando perda de percepção auditiva de uma sirene ou buzina ).
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