A Câmara Municipal de Campos abriu espaço na sessão
ordinária desta quarta-feira (27) para um resumo sobre a história do
municipio, exposto pela professora Sylvia Márcia Paes, em celebração ao dia 28
de março, data da elevação da Vila de São Salvador à categoria de cidade e os
360 anos da Câmara.
A historiadora reconstituiu os ciclos históricos mais
importantes do municipio, desde o auge e o declínio da agroindustria
açucareira, em meados do século passado, mas ressaltou que logo no início da
década de 70 foi aberto e começou a ser explorado o primeiro poço de peróleo da
Bacia de Campos, com o inicio de um novo momento e a diversificação das
atividades econômicas, a partir do fortalecimento do comércio, da pecuária, a
indústria de vestuário, da construção civil e cerâmica, além das usinas de
açúcar.
Sylvia acentuou que o municipio se transformou num
importante polo universitário (o segundo maior do Estado, só perdendo para a
capital), com mais de 40 cursos de graduação em diversas áreas profissionais
distribuidos em mais de 13 instituições de ensino superior.
Mas os efeitos do crescimento
econômico suscitam preocupações na historiadora. “Quando pensamos no futuro da
nossa cidade, temas como a explosão populacional e a consequente sobrecarga de
transportes, recursos e serviços logo são dispostos. Com o olhar lançado ao
futuro, não podemos nos descuidar do presente. São nossas ações de hoje que nos
alavancam a um amanhã mais seguro”, observou.
Sylvia lembrou que a Câmara, em
1840, contratou o engenheiro Amérlio Pralon por determinação do governo
provincial, para realizar obras de melhoria na cidade.
Já nos anos 40 do seculo passado,
o rápido crescimento populacional e a vertizalização inicial da cidade levou a
prefeitura a contratar, em 1944, o escritório do engenheiro Cimbra Bueno para
traçar um novo plano urbanístico. Desta equipe, faz parte o urbanista francês
Alfred Agache, que elaborava um projeto para o Rio de Janeiro.
“O Plano de Coimbra Bueno visava
corrigir os erros dos anteriores, com embelezamento e consequentes valorização
das áreas centrais, orientando a expansão da cidade integrando os bairros
periféricos. Na verdade, pouca coisa do plano proposto por Bueno saiu do papel
e se concretizou”, lembrou.
A historiadora alertou sobre a
necessidade de o campista abraçar Campos com mais carinho. “Com mais respeito,
com mais orgulho do nosso campistês, que não está apenas nas palavras
diferentes que podemos pronunciar, mas em todo um modo de ser que nos
diferencia e nos substancia frente ao outro”.
A historiadora lembrou que em
função da acumulação de riqueza local, Campos se constitui como a segunda em
arquitetura eclética do Estado do Rio de Janeiro, com cerca de 800 prédios de
relevância histporica e arquitetônica e 12 edificações tombadas pelo
Inepac e Iphan. “Fio feliz em saber que este patrimônio tenha a Câmara
Municipal como guardiã”, disse a palestrante, ao tomar conhecimento de uma
sessão especial do Legislativo, no próximo dia 11, para discutir o tombamento
de prédios históricos, proposta pelo vereador Rafael Diniz (PPS).
O presidente da Câmara, Edson
Batista (PTB), agradeceu a historiadora pela presença na sessão e destacou a
atuação e responsabilidade dos vereadores no processo de desenvolvimento de
Campos.
“A responsabilidade está sob
nossos ombros. Tudo que fizermos de certo ou errado cairá em nossa conta. Nosso
municipio vive um ciclo virtuoso de desenvolvimento, mas os efeitos deste
crescimento são inevitáveis e precisam ser contidos. Há projeções que indicam
uma explosão populacional nos próximos anos. Preservar a nossa história é
fundamental, como também a qualidade de vida do nosso povo. As oportunidades
vão surgir para uma cidade mais próspera, mas os desafios são enormes para que
a tenhamos com desenvolvimento, mas com equilibrio. Não queremos reproduzir o
passado, com uma sociedade de barões e milhares de pessoas excluídas. Com
poucos tendo muito, e muitos praticamente sem nada”, concluiu.
Ascom/CMCG
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