segunda-feira, 23 de março de 2015

Vendedoras sem watsapp


G1 Triângulo Mineiro
Anúncio foi colocado do lado de fora da loja, que fica no Centro de Uberlândia (Foto: Gilmar Gomes/ Arquivo Pessoal)
Anúncio foi colocado do lado de fora da loja, que fica
no Centro (Foto: Gilmar Gomes/ Arquivo Pessoal)
Cansado de dispensar funcionárias que trocavam clientes por um bate-papo no WhatsApp, o empresário de Uberlândia Gilmar Gomes fez um anúncio com a seguinte frase: “Precisa-se de Vendedora com Experiência (OBS: Sem whatsapp)”.
Gomes disse que a ideia surgiu depois que 12 candidatas foram dispensadas em 15 dias pelo uso excessivo e sem controle do aplicativo. Só depois de tantas tentativas ele conseguiu contratar alguém que não faz uso de internet no trabalho.

“Elas vinham e entregavam currículo, mas não passavam no teste. Ao invés de atender as clientes, ficavam com o celular em mãos. Só se ouvia o barulho do aplicativo”, afirmou.

O empresário contou que trabalha há 15 anos no mercado de vendas e que atualmente tem encontrado dificuldades para arrumar boas funcionárias. “Eu não sabia mais o que fazer e foi então que surgiu a ideia. Antes de colar o papel na porta da loja, recebia quase 20 currículos por dia. Após o cartaz, em cinco dias não recebi nem dez. As pessoas passavam aqui e fotografavam o anúncio, outras riam e até comentavam as escritas, mas pedir emprego que é bom, nada”, comentou. 

“Talvez eu tenha colocado as palavras no cartaz de forma rigorosa, mas a intenção era que pelo menos no horário de trabalho o aplicativo fosse deixado de lado. As pessoas sentem falta de um bom atendimento, de um corpo a corpo. Várias empresas já proíbem o uso do aparelho celular no trabalho, mas o anúncio eu não nego que causou confusão”, ressaltou.Gomes lembrou que quando criou o anúncio chegou a ser criticado e alertado de que não encontraria pessoas com o perfil que estava buscando, pois "o mundo vive conectado".

Ele também justificou que o custo com o funcionário já não é barato e que essa interferência tecnológica acaba atrapalhando a concentração, o foco, a produção e a disponibilidade em certas atividades. “Já disponibilizamos o telefone fixo da loja para assuntos urgentes. Acredito que esperar a hora do almoço, do lanche ou até mesmo da saída para mexer no aparelho não seria nada extraordinário”, acrescentou.
Empresário atua há 15 anos no mercado de vendas em Uberlândia (Foto: Fernanda Resende/G1)
Empresário atua há 15 anos no mercado de vendas
em Uberlândia (Foto: Fernanda Resende/G1)
Gomes disse ainda que a imagem do anúncio acabou caindo em uma página do Facebook e mais de 400 pessoas compartilharam o post. Várias pessoas, segundo ele, criticaram a atitude de buscar alguém que não vive conectado.

“Quando vi as críticas, não nego que fiquei com muita vergonha, mas essa infelizmente é a nossa realidade. Acabei levando na brincadeira”, confessou. 

Nova contratada
Apesar dos comentários e de toda euforia causada pelo anúncio, o empresário conseguiu uma funcionária que preenchia o requisito. Aline Souza, de 35 anos, é a nova contratada. Ela contou à reportagem que quando viu o anúncio achou engraçado, mas logo depois percebeu que seria uma oportunidade para retornar ao mercado. “Vi como positivo. Como eu não tenho WhatsApp, pensei 'essa oportunidade é minha'”, argumentou.

Aline acrescentou que o cartaz foi uma forma de limitar quem realmente tem interesse na vaga de vendedora. “Achei legal a ideia, pois acaba economizando tempo e evitando desgaste para o empresário. É complicado toda hora ter que ficar chamando atenção de funcionária por causa disso. Se está no anúncio, o candidato à vaga já deve entrar ciente do que pode ou não pode”, concluiu a contratada.

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