Artigo
publicado na Folha da Manhã 25-05-2021
Divulgação
Gestão
pública exige responsabilidades, entre as principais a regularidade de seus
atos fiscais e orçamentários. O ajuste fiscal não é uma faculdade; é uma
obrigação legal, cujo cumprimento deve ser fiscalizado pelo Legislativo e
Tribunais de Contas. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) dita regras para
impedir gastos públicos desmedidos que comprometem o equilíbrio entre receitas
e despesas. O Executivo Municipal foi muito criticado depois de divulgar a
necessidade de reajustar suas contas, em especial com os custos da folha de
pagamento, que ultrapassa o limite legal de 54%. Cortes de benefícios, aumento
de tributos; medidas como essas, em geral, são evitadas por qualquer prefeito,
mas é sabido que Campos passa por uma grave crise financeira, principalmente em
função da queda tanto da arrecadação dos royalties como de sua receita própria.
E essa crise, para ser vencida, depende da adequação das contas municipais.
O prefeito
Wladimir Garotinho recebeu, de herança maldita do governo passado, dívidas a
pagar superiores a R$ 300 milhões, incluindo nesse valor mais de R$ 100 milhões
só de salários não pagos em 2020. Dados da Secretaria Municipal de Controle e
Orçamento apontam, no mínimo, um desequilíbrio relacionado ao investimento no
funcionalismo público: sozinha, a Secretaria de Saúde absorve mais de 42% do
total da folha de pagamento, quase o dobro da Educação, que concentra o maior
número de servidores. A balança parece privilegiar uns em detrimento de outros.
Friso que
o ajuste fiscal não é facultativo. Com a folha de pagamento fechando em mais de
54%, o Tribunal de Contas notificou a Prefeitura de Campos, cobrando
readequação. A LRF cobra tanto a observância do índice como a regularidade do
pagamento, compromissos não honrados pela gestão anterior, mas que a atual
Administração se responsabilizou a regularizar.
Campos
precisa vencer a crise, reconhecida em janeiro pela Câmara, com a aprovação
unânime do decreto que estabeleceu o estado de calamidade pública fiscal e
financeira do município. Vencer a crise implica investimentos, que só poderão
ser viabilizados se as contas forem ajustadas. Uma coisa é o discurso fácil,
mas não há como mascarar obrigações de mais de R$ 300 milhões. Os números
retratam a realidade e contra eles não há argumentos. No entanto, números são
frios e toda medida pública reflete no povo. Precisamos agir com firmeza para
adequar índices e indicadores, mas também com equilíbrio e sensibilidade para
que o nosso bem maior, o cidadão campista, não seja ainda mais penalizado pela
falta de coragem da gestão.
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