Fábio Ribeiro: Nossa história,
Sem
conhecimento de sua origem, um povo fica à deriva de sua identidade. Venho
defendendo a necessidade do resgate de nossa história para o desenvolvimento
socioeconômico de Campos. Nessa terça-feira (18), em evento pelos 20 anos do
Arquivo Público Municipal, pude frisar a importância dessa grande instituição
para o aproveitamento do turismo histórico em nosso município, uma
potencialidade pós Covid-19. Principal fonte de pesquisa acerca de nossa
memória coletiva, agregando diferentes materiais documentais de todos os
períodos do município e região, o Arquivo Público é também parte de minha
memória afetiva. Há 21 anos, diretor de Administração e Finanças da Fundação
Estadual do Norte Fluminense (Fenorte), acompanhei sua criação.
A Fenorte
apoiou a parceria da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) com a
Prefeitura para a implantação, sob a supervisão do Arquivo Público do Estado do
Rio de Janeiro (Aperj), do Arquivo Público de Campos no Solar do Colégio, a
mais antiga e maior edificação histórica em alvenaria do Norte Fluminense. Construído
pelos padres da Companhia de Jesus no século XVII, o solar, que apresentava
elementos afros e indígenas em parte da sua arquitetura, virou sede de uma das
maiores fazendas escravistas do Brasil, no século XIX. Ali foi instalado o
primeiro hospital da região, destinado ao atendimento dos escravos. No século
XX, o engenho de cana-de-açúcar foi transferido para Tócos e o solar tombado em
1946, a partir de uma campanha do pesquisador e memorialista Alberto Lamego,
sendo reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) como exemplar da arquitetura jesuítica e portuguesa da época. Em 77,
foi desapropriado pelo Estado.
O
patrimônio histórico-arquitetônico foi cedido pelo governador Anthony Garotinho
em 2000, para abrigar o Arquivo Público Municipal, criado oficialmente pela Lei
nº 7.060/2001, do ex-vereador Dr. Edson Batista. Na inauguração, me emocionei
ao ouvir o Hino de Campos e me vi sensibilizado com a importância de cultivar
nossa história, tanto pelo aspecto cultural como pelo econômico. Desde então,
muito pouco foi feito nesse sentido. Hoje, com a crise pela qual passamos e
Campos precisando se reinventar, entendo a fomentação do turismo histórico como
primordial.
Temos monumentos históricos espalhados por todo o município e essa polarização demonstra não só a riqueza de nossa história, como também, com treinamento e qualificação de mão de obra, o potencial para a geração de empregos e o desenvolvimento de vários distritos e bairros. Nilo Peçanha, quando presidente da República, destacava a importância da academia para as descobertas e invenções, frisando, porém, que o conhecimento resultaria vazio se dele não se valesse a força do trabalho.
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