Presidente
da estatal diz que os Correios não têm condições de continuar arcando com sua
atual folha de pagamento
O presidente dos
Correios, Guilherme Campos, afirmou nesta quinta-feira (20) que a demissão de
servidores concursados está na pauta e vem sendo estudada. Segundo o presidente
da estatal, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha
de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que
ser demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.
“Temos um estudo
encomendado e a possibilidade de demissão motivada ainda está na pauta. A
empresa não tem condições de arcar com a sua folha de pagamento”, disse Campos.
Em 2016, os
Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia
atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa. “A
economia com esses 5,5 mil é de R$ 700 milhões anuais e essa marca alcançada
com o PDI fica aquém da necessidade da empresa. Precisamos ter outras ações
para enxugamento da máquina da empresa”, afirmou Campos antes de participar de
uma audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos
Deputados.
Prejuízo
Campos afirmou que
no primeiro trimestre de 2017 o prejuízo estimado dos Correios foi de R$ 400
milhões. O número exato, no entanto, ainda não foi fechado. A estatal tem
acumulado prejuízos nos últimos anos.
Recentemente o ministro
de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, afirmou que os Correios correm
“contra o relógio” para evitar a privatização. Segundo Kassab, a estatal
necessita de um profundo corte de gastos para não ser privatizada.
Sindicato
O secretário-geral
da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, José Rivaldo, afirmou que
o presidente da estatal ainda não chamou os trabalhadores para falar sobre a
possibilidade de demissão de servidores concursados. “Nós da federação somos
totalmente contrários a demissão de servidores. Nossa proposta é garantir o
emprego de todos os 117 mil servidores da casa”, afirmou.
Fechamento de agências
Em meio à mais
grave crise financeira de sua história, a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) planeja também fechar cerca de 200 agências neste ano, além de
uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de
pagamentos. Segundo os Correios, o fechamento de cerca de 200 agências
acontecerá sobretudo nos grandes centros urbanos.
A empresa acumula dois rombos de R$ 4
bilhões nos últimos dois anos. Os Correios fecharam ano passado com prejuízo em
torno de R$ 2 bilhões, após registrar perdas de R$ 2,1 bilhões em 2015.
“Estamos trabalhando para reverter esse quadro. O objetivo é colocar a empresa
no azul neste ano”, disse o presidente ao G1 em entrevista em
fevereiro.
A empresa possui
atualmente cerca de 6.500 agências próprias, além de mais de 1 mil franqueadas.
Os Correios
acompanham o movimento de racionalização e corte de pessoal que também está sendo
feito por bancos estatais como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
Em tempos de
recessão e rombo recorde nas contas públicas, o governo tem incentivado esses
programas de desligamento voluntário, até mesmo para tentar afastar a
necessidade de aporte federal em estatais em dificuldades financeiras.
Plano de saúde
Para Campos, outro
ponto fundamental para reestruturar o orçamento dos Correios é encontrar um
novo formato para o plano de saúde dos funcionários dos Correios, o Postal
Saúde. Segundo ele, este custeio é o responsável pela maior parte do déficit
registrado nos últimos anos.
Pelo modelo, a
estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários com 7%.
“Estamos negociando com os trabalhadores, com os sindicatos, buscando uma alternativa.
Nos moldes que está é impossível de ser mantido”, diz.