Domingo
passado, festejamos a Páscoa, a vitória de Jesus sobre a morte e a graça
advinda da ressurreição de Cristo: sermos limpos de nossos pecados e sermos
dignos da salvação. Mas, antes da vitória, Páscoa é também vigília,
recolhimento e compadecimento, como por Maria, pela perda do Filho, ou os
apóstolos, pela falta do Mestre. A esperança renasceu, mas, como Jesus ensinou,
o tempo deve continuar sendo de Páscoa: de cuidado e amor ao próximo.
Inaugurando este espaço na Folha da Manhã, gostaria de invocar, de nossos
cidadãos, o sentimento mais importante nesta pandemia de Covid-19, que vem
desestruturando famílias inteiras: a empatia, a condição de se colocar no lugar
e se enternecer com o sofrimento do outro.
Mais do
que um combate ao novo vírus e suas mutações, travamos uma guerra contra sua
transmissão. Restrições socioeconômicas tornam governantes impopulares;
protocolos sanitários limitam nossos direitos; sacrifícios são exigidos de
todos. Mas estamos perdendo batalhas e o preço da derrota — a vida — é
incomensurável. A morte não atinge apenas os que estão na linha de frente,
equipes médicas de enfermarias e centros de terapia intensiva, guardas e
policiais no controle de aglomerações, fiscais do cumprimento das normas; enfim
os profissionais que se arriscam fora do isolamento para nos salvar ou manter a
salvo aqueles que amamos. O novo vírus não discrimina: pobre, rico, criança, jovem,
adulto, idoso, doente ou são — todos são alvos.
Reconhecemos
o sacrifício imposto à coletividade, o sofrimento dos que estão privados do
trabalho, dos que passam por dificuldades de subsistência. Somos empáticos a
todos. A Câmara de Vereadores criou leis para proteger o povo da Covid,
organizou grupos de trabalho para colaborar com o Executivo, acompanhar a
vacinação, fiscalizar a ocupação de templos religiosos e, ainda, estudar o
quadro da pandemia, nos solidarizando com trabalhadores e setores produtivos e
nos comprometendo com a luta pelo restabelecimento da nossa economia. Mas, na
excepcionalidade desta guerra, pedimos empatia. Mais do que sem espaço para
trabalhar, praticar atividade física, cultural ou social, pessoas sofrem por
falta de ar. Muitas agonizam.
Antes de
qualquer julgamento, pensemos no outro. Campos está na fase vermelha, de maior
risco de contágio pelo novo coronavírus. O momento é de recolhimento para o bem
do nosso próximo, seja ele um membro da família ou um estranho que pode vir a
ter de nos assistir em um hospital. Conhecemos o Caminho e queremos a Vida.
Ajamos, então, para evitar o calvário. Ou será preciso marcar portas com o
sangue de um cordeiro para a morte (este vírus) pular o nosso lar?
* Fábio
Ribeiro é presidente da Câmara Municipal de Campos
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