'O que garante que a história da minha filha não pode se repetir comigo
e meu neto?', questiona
Campo Grande - A mãe
de Eliza Samudio, Sônia de Fátima Moura, quer o goleiro Bruno de volta à prisão
por temer ser, juntamente com o neto, a próxima vítima do goleiro. "Não
acho verdade essa história de que está recuperado. Bruno é um dissimulado",
disse ela, que mora em Campo Grande com Bruninho, filho de Eliza com o atleta.
O receio já fez a família de Sônia mudar a rotina.
Na sexta-feira,
a advogada da mãe de Eliza, Maria Lúcia Borges Gomes, recorreu ao Supremo
Tribunal Federal (STF) contra o habeas corpus que o colocou em liberdade. Ao
jornal O Estado de S. Paulo, Sônia afirma acreditar que não está segura com
Bruno fora da prisão e destaca que a ação judicial que levou ao embate entre
Eliza e o goleiro – o pagamento de pensão alimentícia para o neto – está agora
sob sua responsabilidade.
"O que garante que a história da minha filha não pode se repetir
comigo e meu neto?", questiona. Hoje, trabalha com organização de festas.
"Muitos acham que meu neto tem pensão. Não tem. Vivemos do nosso trabalho
e com dignidade, porque o mais importante na vida é poder deitar à noite com a
consciência limpa."
Para Sônia, a história só vai terminar quando ele disser onde estão os
restos mortais de Eliza. "A Justiça que o colocou nas ruas deveria
pressionar para conseguir essa informação", defende "Se fosse verdade
(a afirmação de que Bruno se recuperou), a primeira coisa que deveria fazer é
revelar onde está o corpo de Eliza, para darmos a ela um enterro digno."
Cuidados. Com medo, Sônia já mudou a rotina. "Avisei ao Bruninho
(hoje com 7 anos) para não chegar perto do portão e não sair da escola com
ninguém que não seja eu ou meu marido", diz. "Ao que parece, o
goleiro vai ficar solto e, nós, presos."
O menino sabe que a mãe morreu e que o pai estava preso por ter mandado
matá-la. "Mas evitamos tocar no assunto. Bruninho sabe que o pai deixou a
prisão, mas nos últimos dias temos tentado manter a televisão desligada",
conta a avó.
Ela também diz ser a favor do exame de DNA para saber se Bruno é pai do
neto. "Mas desde que seja aqui, com material recolhido na cidade e
acompanhamento de tudo pela família."
Bruno foi solto graças a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio
Mello, que considerou o fato de o jogador estar preso havia quase sete anos sem
que o júri que o condenou tivesse sido referendado em segunda instância. Agora,
o habeas corpus terá de ser analisado pelo plenário do STF. O jornal O Estado
de S. Paulo telefonou para a defesa de Bruno, mas não conseguiu contato.
ESTADÃO CONTEÚDO
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